terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. "

(Caio F. Abreu)

sábado, 23 de outubro de 2010

Chanel Coco :D

Gabrielle: Eu sei que eu nunca vou me casar, eu nunca serei esposa de ninguém, mas é que com você ás vezes me esqueço disso. A maior burrice da minha mãe foi ter se casado por amor, meu pai viajava e a traia, e ela ficava o esperando todos os dias, a fio, certa vez ele chegou em casa e ela tava deitada, morta. Por isso ás vezes eu acho melhor mesmo, é ser amante.

Ele: Eu vou me casar...

[Silêncio]

Ele: Mas isso não muda nada entre nós.

Gabrielle: Muda tudo!




Filme: Coco Chanel 

P.S: Diálogo marcante pra mim! :)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu não sei voar

Ela pisou sem dó no meu meio sorriso, fazendo ele virar um pavor inteiro e verdadeiro.
Eu canso dos meus meio sorrisos tanto, tanto, que prefiro que a vida seja assim mesmo. E aí me pergunto se chorei de tristeza profunda ou alegria libertadora, o que acaba dando no mesmo porque minha profundidade me liberta.

A barata preta, enorme e voadora posou no canto da minha boca. E eu pude chorar todos os meus medos no seu sofá e eu pude ficar curvada do jeito que a minha sombra, que só eu vejo, é. E eu pude borrar todos os meus disfarces e ficar feia sem culpa, porque a dor consegue ser sempre maior do que qualquer culpa, por isso o meu vício em sofrer.

Eu chorei a nossa imperfeição, eu chorei a saudade enganada da nossa perfeição, eu chorei a nossa necessidade de não se largar, eu chorei a nossa necessidade de se largar, a nossa necessidade de fugir do mundo em nós e a nossa necessidade de fugir de nós encontrando amigos.

Eu chorei o nosso ego que sempre tem respostas para tudo e não pode perder, chorei o nosso silêncio cansado de perguntas e desprovido de interesses, a pobreza do mundo que nos impossibilita de sermos felizes sem culpa, a falta de simplicidade que eu tenho para ser feliz e eu chorei o espaço da nossa alma que ainda falta evoluir.

Eu chorei o nosso medo de não sermos o que sonhamos. Eu chorei o medo que eu tenho de não ser quem você quer e o medo que eu tenho de ser exatamente o que você quer.

Eu chorei porque precisava de colo, porque precisava te mostrar a minha fragilidade escondida no meu mau-humor. Eu chorei de birra do meu lado homem.

Eu chorei porque vez ou outra ele ainda bate na minha porta e eu o deixo entrar, e eu sei que isso é medo do tanto que você habita todos os lugares.

Eu chorei porque eu te amo mas eu não sei amar. Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. Chorei de cansaço profundo de sempre cansar de tudo e tudo sempre cansar de mim. Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho. E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta. Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim, de pavor de sair da rotina e começar outros fins.

Eu chorei meu medo de submissão, o meu medo de vomitar, o meu medo de me mostrar pra você tanto, tanto, e não ter mais o que mostrar. Eu chorei minha infinidade de coisas e o medo de você não querer abrir os mais de um milhão de baús que existem escondidos na caixa cerrada que eu guardo embaixo do meu peito. Eu chorei meu fim e o medo do meu infinito.

E eu teria chorado cinco anos se você não me dissesse que já era hora de parar. E eu chorei depois cinco anos escondida, porque eu não sei a hora de parar e não quero que ninguém me diga.

Aliás, eu quero sim. Eu quero que você me diga quando for a hora de parar, de continuar e de não pensar em nada disso.

Eu quero que você me acorde com uma lista de horas e outras lista de anos e outra lista de encarnações. Eu quero que você me dê a mão e me ensine o que é um relacionamento porque eu só sei andar de quatro, cheirando xixis nas ruas e rabos alheios.

Eu quero que você me ensine a ser uma mulher para você.


Ao mesmo tempo eu quero que vocë suma porque eu só quero ser uma mulher para mim. Eu me quero só para mim.

Era minha a dor de ser solitariamente para mim. E você a substituiu pela dor de não querer mais ser solitariamente só para mim. Mas tudo é dor afinal, e eu não sei ser leve, eu não sei voar, mas a barata que vôou para o canto da minha boca, sabe.

Eu carrego o esgoto no meu ventre negro, mas não sei voar como ela. Por isso ela ainda consegue ser melhor do que eu.

E com todos os meus poderes para estragar a vida de alguém, eu ainda tenho medo da barata.

Porque ela sabe ser misteriosa, ela sabe incomodar sem abrir a boca, ela sabe enojar o mundo com sua meleca branca sem ter que mostrá-la a ninguém.

Ela é muito mais misteriosa do que eu.

Em comum temos as chineladas do mundo e todos os seres amedrontados que querem acabar com a nossa raça. Mas o poder dela ainda é muito maior do que o meu, porque ela não ama, ela não se sente traída pelas chineladas do mundo.

Ela não sabe o que é não entender nada desse mundo e ter medo do tempo. Ela não sabe o que é ter nas mãos o poder de construir e destruir e ter tanto medo desse poder.

Ela vive no esgoto e não sabe o que é ter tanto medo dele.

Ela aparece sem ser desejada e não sabe o medo que não ser desejada causa.

Ela é uma barata e nunca vai saber o medo que a gente sente de se sentir uma.

E eu chorei tanto que finalmente transformei meu meio canto de boca num bico inteiro. E chorei porque tenho tanto medo de tudo o que é inteiro, que prefiro viver tudo na cabeça, enquanto o corpo relaxa na minha cama, longe de tudo.

Eu deito na minha cama e imagino tudo o que pode acontecer, enquanto não toco de verdade na vida para não cansar demais e depois não ter forças para viver de verdade. Mas acabo dormindo e deixo pra depois.

Mas eu chorei justamente porque descobri que viver na cabeça também é um tipo de coragem, porque eu não protejo a alma de feridas e nem de descanso.

Mas aí ela, preta, imunda, nojenta, indesejada, um pedaço do esgoto, vôa em minha direção e me coloca em movimento. E eu corro pra bem longe e não penso, só corro.

E isso é tão diferente para mim, estar em movimento de fora para dentro, que eu choro de emoção.

Eu não pensei, eu vivi. Eu corri dela, eu vivi o medo. Eu vivi o nojo. E eu chorei de dor de sair da minha bolha interna.

Ela me fez ter vontade de gritar para o mundo nojento para que ele deixe meu coração em paz. Meu coração que quer amar em paz e esquecer que a vida pode ser nojenta.

E eu corri de tudo o que é nojento, e eu chorei porque com tantas coisas lindas me acontecendo, eu precisei de uma barata para me lembrar de sentir a vida fora da minha bolha.

Ela perfurou minha proteção e saiu da minha rotina. Ela invadiu tudo e me lembrou que as coisas podem dar erradas sim, quando se menos espera, e não adianta nada estar com o chinelo preparado na mão para se defender da vida.

A vida voa na sua cara, esbarra no seu rosto, suja sua vaidade, corrompe suas certezas, e você não pode fazer nada. A não ser lavar o rosto e começar tudo de novo.


(Tati Bernardi)

terça-feira, 20 de julho de 2010

DAR NÃO É FAZER AMOR

 
Dar é dar.
Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.
Dar é não ganhar.
É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe, pra dar
o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que que cê acha amor?".
É não ter companhia garantida para viajar.
É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.
Dar é não querer dormir encaixadinho...
É não ter alguém para ouvir seus dengos...
Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao amor.
Esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você flutuar

Experimente ser amado...
 
(Não sei se é do Veríssimo ou da Tati, permanece a dúvida. ;P ) 

Para Anne Minho! :)

 
Abiiiiiigaaaa! *-*

Eu te amo tanto, sabia? Falar sobre você é tão complicado, eu não acho palavras... =/
Tenho certeza que você vai ser uma psicóloga de sucesso, você já vive cuidando das crises e pensamentos loucos de sua amiga aqui, e olhe que meu caso é grave. Eu queria te agradecer por me ajudar tanto e ficar do meu lado mesmo quando todos estavam contra mim. Eu jamais vou esquecer isso porque eu sei o quanto foi difícil pra você.
Eu me sinto tããão sortuda em ter sua amizade e me pergunto se mereço tanto, eu sou tão displicente as vezes ou quase sempre mas você tá sempre no meu pensamento e no coração, mesmo que eu passe dias sem aparecer. Você é a irmã que eu não tive, é a pessoa que eu sei que vou poder contar pro resto da vida.
A gente já viveu tantas coisas juntas...bebedeiras, farras, altas loucuras e a época do colégio então, nem se fala. É muita coisa, é muito tempo, é muita história pra contar e ainda vai ter muita! \o/
Nesse dia do amigo, eu queria dizer que você é mais que uma amiga pra mim, é mais que uma psicóloga, é mais que uma irmã. Eu não sei dizer o que você é, eu só sei que você é muito, muito mesmo para mim.

(Mariana Fernandes)

Amizade sem trato


Dei para me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeesmo, a gente só tem 2 ou 3, empino meu peito e fico até meio besta de orgulho: eu tenho muito mais do que 2 ou 3. São uma cambada. Não é privilégio meu, qualquer pessoa poderia ter tantos assim, mas quem se dedica ?
Fulano é meu amigo, Sicrana é minha amiga. É nada. São conhecidos. Gente que cumprimentamos na rua, falamos rapidamente numa festa, de reente sabemos de uma fofoca pesada sobre eles, mas amigos ? Nem perto. Alguns até chegaram a ser, mas não são mais por absoluta falta de cuidado de ambas as partes.
Amizade não é só empatia, é cultivo. Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa - não deve - vir acompanhado de um motivo.
As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor - tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato. Pois para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena. Você não precisa de uma razão, basta sentir a falta da pessoa. E, estando juntos, tratarem-se bem.
Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado em silêncio. Não é preciso troca de elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso manifestações constantes de carinho, podem dzer verdades duras, às vezes elas são necessárias. Mas há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Aeto, certamente. Cumplicidade ? Mais do que cumplicidade. Sintonia ?
Acho que é amor.
Oh, céus ! Santa pieguice, Batman ! Amor ? Esta legalenga de novo ?
Sério, só mesmo amando um amigo para permitir que ele se jogue no seu sofá e chore todas as dores dele sem que você se incomode nem um pingo com isso. Só mesmo amando para você confiar a ele seu próprio inferno. E para não invejarem as vitórias um do outro. Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto ns suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços, só que liga quando o sumiço é exagerado. Tudo isso é amizade com trato. Se amigos assim entraram na sua vida, não deixe que sumam.
Porém, a maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção. Acha que a amizade é algo que vem pronto e que é da sua natureza ser constante, sem precisar que a gente dê uma mãozinha.
E aí um dia abrimos a mãozinha e não conseguimos contar nos dedos nem dois amigos para valer. E ainda argumentamos que a solidão é sintoma destes dias de hoje, tão emergenciais, tão individualistas. Nada disso. A solidão é apenas um sintoma do nosso descaso.

(Martha Medeiros)


Feliz dia do amigo a todos! :D

sábado, 19 de junho de 2010

Tudo Bem

Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é "so easy" se viver

Hoje eu não consigo mais me lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão
Eu já deixei
Tantos bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
E quase
Quase nunca a vida é um balão

Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem
tudo bem

(Lulu Santos)

Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar."

(Caio Fernando Abreu)

"Mesmo depois do leite derramado o importante é pensar que a vida continua e a vaca não morreu.."


;*

Ausência...


Esse post é pra justificar minha ausência...
Eu ando tão sem tempo, muito gente pensaria que isso é ruim mas pra mim está sendo ótimo. Depois de tanta indecisão quanto a que carreira seguir, eu me achei. E me achei na Engenharia, o que está me matando mas me ao mesmo tempo me completa tanto.
E vou aproveitar isso pra falar as pessoas que fazem faculdades por outros motivos que não a vontade própria: A pior coisa é cursar um curso que você não tem afinidade, se torna um PESO. Fazer um curso que você gosta, mesmo que ele não seja fácil, nunca vai ser um peso pra você. Estou amaaaaaando Engenharia. Por estar amando tanto me dediquei de corpo e alma e não sobrou muito tempo para fazer o que gosto, como escrever... Agora estou folgadinha, passei em tudinho. Sem precisar de prova final. Mas inventei de fazer curso de férias aí não vou ter férias. HaHa ;P ( A paixão tem dessas coisas! ^^ )
E ainda tem outra coisa, estou namorando, e ele é a coisa mais fofa do mundo. Aí não me deixa ter minhas crises, o que tira minha inspiração para escrever. Sofrer me inspira, ele acabou com meu sofrimento. Mas vou tentar escrever algo, vamos ver se sai alguma coisa que preste.
OBS: Quando a gente está feliz, não se tem vontade de escrever. Só de comemorar a maravilha que é viver! :D

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Para um menino com uma flor


Acabo de chegar em casa e ver tudo diferente. Ainda estou fechando os olhos e tentando encontrar a parte mais quente das suas costas. Ainda estou com este riso bobo na cara, matando a saudade de ter quinze anos e uma vida linda pela frente.
Pode ser mesmo que isso passe, pode ser que amanhã eu acorde e você tenha ido embora. Ainda assim, ainda que amanhã chegue para estragar tudo, poder chegar em casa e ver tudo diferente já são milhões de quilômetros rodados. Zilhões.
Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida. Minha vida era acordar todos os dias e sentir aquele gosto de merda na boca. Minha vida era vestir a armadura e relembrar com dor pela milésima vez todos os últimos podres de todas as pessoas podres que passaram ultimamente pela minha vida. Você acaba de zerar tudo. Com a parte mais quente das suas costas, com o seu medo de beijo na orelha e com o seu jeito de se desculpar por falar demais e balançar os pés, você acaba de me salvar.
Este texto é pra te falar uma coisa boba. É pra te pedir que não tenha medo de mim. Sabe esses textos que eu publico aqui falando putaria? Sabe esses textos falando que eu sei disso e sei daquilo? Eu não sei de nada. Eu só queria ser salva das pedras, eu só queria aprender a pegar carona nas ondas. Eu só queria que isso que eu tô sentindo agora durasse mais de uma semana. Eu só queria poder chegar em casa e ver tudo diferente. Ver tudo bonito. Ver tudo como de fato é. E você salvou minha vida. O mundo está lindo. Não tenha medo de mim.
Eu só queria que esta minha vontade de perdoar o mundo durasse. Hoje eu não odiei o Bradesco, a Vivo, meus pais, o IPTU, a mulher que divide a vaga do prédio comigo, o motoqueiro que me manda ir mais para o lado, a garota que fala caipira, aquele cara que você sabe quem é. Hoje eu não odiei nada nem ninguém. Eu apenas fiquei lembrando, a cada segundo, que você se desesperou pra encontrar meu brinco de coração. Você quis encontrar meu coração pequenininho no escuro. E você encontrou. E você salvou meu dia, minha semana. E salvar meu dia já são zilhões de quilômetros. Você é meu herói.
Não tenha medo deste texto. Não tenha medo da quantidade absurda de carinho que eu quero te fazer. Nem de eu ser assim e falar tudo na lata. Nem de eu não fazer charme quando simplesmente não tem como fazer. Nem de eu te beijar como se a gente tivesse acabado de descobrir o beijo. Nem de eu ter ido dormir com dor na alma o fim de semana inteiro por não saber o quanto posso te tocar. Não tenha medo de eu ser assim tão agora. Nem desse meu agora ser do tamanho do mundo.
Eu estou tão cansada de assustar as pessoas. E de ser o máximo por tão pouco tempo. E de entregar tanta alma de bandeja pra tanta gente que não quer ou não sabe querer. Mas hoje eu não odeio nenhuma dessas pessoas. E hoje eu não me odeio. Hoje eu só fecho os olhos e lembro de você me pedindo sem graça para eu não deixar ninguém ocupar o lugar da minha canga. Tudo o que eu mais queria, por trás de todos esses meus textos tão modernos, sarcásticos e malandros, era de alguém que me pedisse para guardar o lugar. Tá guardado. O da canga e de todo o resto.
Talvez você pense que não merece este texto. Há quanto tempo mesmo você me conhece? Algumas horas? Mas você merece sim. Hoje, depois de muito tempo, eu acordei e não me olhei no espelho. Eu não precisei confirmar se eu era bonita. Eu acordei tendo certeza.
Não tenha medo. Eu sou só uma menina boba com medo da vida. Mas hoje eu não tenho medo de nada, eu apenas fecho os olhos e lembro de você me dando aquela flor velha, fazendo piada ruim às sete da manhã, me lendo no escuro mesmo com dor de cabeça.
Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Eu achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob's. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes.

(Tati B.)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bolinha de papel! ;P




"Eu estou atrás da porta, o corpo revirado, amassado, pequeno, todo dobrado. Sou uma carta gigante, chata, cheia de erros, longa demais, muito complicada. “Chega”, alguém, com preguiça de ler sobre o amor ou sem coração para se emocionar com uma carta, disse. E eu virei bolinha de papel."


(Tati B.)

Toda mulher tem um pouco

por Tati Bernardi


De puta, de criança, de maluca. Toda mulher tem um pouco.
Falo por mim porque vivi pouco tempo para fazer afirmações maiores.
Falo por mim porque estou egoistamente presa na minha própria descoberta e existência.
Mas pelo que tenho visto por aí, toda mulher tem um pouco de tudo. E como é difícil ser feliz com tantos poucos para agradar. Fora os milhares de hormônios que tornam cada um desses poucos mais do que dá para aguentar.
E a cada suspiro, meus poucos se atrapalham: estou feliz ou com medo? Estou cansada ou excitada? Estou carente ou encantada? Estou fria ou fugidia?
Numa única noite eu fui um pouco tudo, eu quis um pouco de tudo. Quando alguém vai acompanhar meu ritmo?
Eu quis que ele não soubesse meu nome, depois quis ter o dele logo depois do meu. Eu quis que ninguém soubesse de tamanha traição. Depois quis gritar na janela como o proibido era sopro no meu coração.
Eu quis sentir o poder de abalar com a vida dele. Depois quis que ele voltasse direitinho pra casa e esquecesse que existe a fraqueza.
Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração. Depois quis o colo dele para sempre, mas fiquei com o meu pouco puta estampado na cara.
Como eu preciso ser amada meu Deus, pra parar de dar de bandeja o meu sorriso por aí. Eu tenho meu pouco criança estampado em cada linha que escrevo e em cada bobeira que falo na espera de atenção.
Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca.

De pouco em pouco encho o papo de ansiedade. Quando o muito virá?
Eu nunca poderia ser feliz sem meu pouco trágica. Eu nunca posso estar satisfeita sem meu pouco idealista e eu nunca poderei ser mulher porque ainda falta pouco, muito pouco, mas eu sei que sempre faltará.
Me completo de poucos, mas sigo esperando demais de tudo. Comida para cada um desses poucos que são buracos na minha alma.
Meu pouco puta, safada, tarada, não tem um pingo de compostura. Meu pouco criança sofre e se diverte com o meu pouco louca. Meu pouco adulta perdoa tudo porque tem total consciência do meu pouco criança.
Mas cada pouco espera o grande momento. A grande virada. O longo suspiro de paz.
Cada pouco espera o colo, a excelente trepada, o beijo silenciador de neuroses, o abraço aquecedor de angústias.

Cada pouca criatividade espera o salário digno, o carro novo, o cheiro de cada coisa minha conquistada, o sono de quem não deve um centavo a ninguém.
Corro no desespero desses dias, da vida que virá, dos sonhos realizados, da felicidade, do sorriso banguelo da pureza infinita de um ser gerado por mim. Da luz.
Meu pouco pessimista sabe que nada disso pode acontecer. Mas sigo com meu pouco otimista, aprendendo que ele a cada dia aumenta um pouco.
Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz. E muito.

O amor é um lixo




Eu pensava que não existia felicidade maior do que estar ao seu lado. Pobre menina. É. Pobre. Como pode alguém se contentar com tão pouco?

O amor é uma droga e você era a minha droga, o meu vicio, o meu desejo incontrolável, a cura para todos os meus medos, a solução para minhas angustias, a resposta para todas as minhas perguntas.
Você não era mais um na minha vida, você era o único. Era tudo que eu mais queria ter, apesar de ser um namorado infiel, péssimo amante e amigo cruel, se é que posso te chamar de “amigo”.
Afinal de contas que merda que eu vi em você? Aliás, o que eu não vi né?
Não sei como suportei por tanto tempo sua conversa besta e repetitiva, que a mim não acrescentava em nada, seu ciúme sem sentido, sua falta de maturidade, seu jeito debochado de ser e seu ar de vitima das situações, da sociedade e do mundo.

Eu olho pra tudo isso e me pergunto: Porque foi tão difícil enxergar? Porque foi tão difícil perceber?
O amor cega, o amor massacra, o amor mata.
O amor é um lixo!

(Mariana Fernandes)

O vulto constante




"Tempos de definição são difíceis. Duros. Exigem de nós energia que por vezes não temos—não é todo dia que queremos lutar contra sentimentos díspares, complicados, que desejamos nos perguntar se realmente o amor acabou, se o que sobrou foi só carinho e preocupação, ou se ainda existe um resquício mínimo que guarda em si a possibilidade do renascimento. Não é todo dia que temos fôlego para questionar o que fizemos de nossa vida até aqui e qual o rumo que realmente queremos dar a ela. Cansa. Exaure.

Tudo muda quando se passa por uma cisão que altera a maneira de ver o mundo: lá se vai a crença de um amor que resiste a tudo e fica um gosto estranho de fracasso, como se as emoções, e as pessoas, pudessem ser avaliadas em termos tão maniqueístas... Separar-se de alguém que se amou demais é, antes de mais nada, triste. Mas tristezas, por mais fundas que sejam, passam. Desde que não as alimentemos.
E a forma mais comum de alimentá-las é insistir em um contato nocivo por nos trazer alento, um tanto duvidoso, mas um alento: a voz conhecida, as palavras um dia tão queridas, o choro que sabemos como estancar, a risada que nos lembra dias mais ensolarados (você já reparou como nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro?). Alimentá-la é achar que isso pode, em algum nível, fazer bem para algum dos dois. É como manter vivo um paciente com falência cerebral na esperança de que um milagre o faça acordar sorrindo, inteiro. Dói todos os dias em que isso não acontece. E dói mais ainda quando, finalmente, ele morre— mas, então, pelo menos, todos estão livres para seguir a vida.
A verdade é que enquanto não decidimos se acabou ou não, se queremos aquela relação de volta (com todas as idiossincrasias, neuroses e desgastes que nos fizeram partir) ou se ela faz parte do panteão do passado, nada anda. Ninguém novo pode entrar, arejar os dias. Nem sozinho ficamos bem. Só a vulto constante da tristeza nos acompanha, mesmo nas horas mais alegres—ela sabe que, a qualquer momento, a guarda baixará e ela terá espaço suficiente pra se instalar."


Texto da Ailin Aleixo, escreve divinamente! *-*
Deixo aqui o blog pra quem quiser conhecer mais um pouquinho...
http://mulherhonesta.sites.uol.com.br/

Sobre escrever...




Tem séculos que não posto nada por aqui, nunca mais me deu vontade de escrever... Vai ver que é por que estou em momento da vida “tão sei lá”.
Estive pensando esses dias:
O que é que leva a gente a escrever?
Depois de muito pensar não consegui chegar a conclusão alguma, mas observei fortes evidências que me levam a crer que escrever está ligado a sentimentos e sensações negativas, como tristezas, decepções, angústias e etc.
Revelar na arte seus sentimentos é um infalível e milagroso remédio, a enxurrada de letras no papel limpa toda a nossa alma e nos deixa leve.

Me lembrei de um certa ‘turminha’que suspira amor, eles têm uma inspiração espetacular e porque não dizer que são eles os que mais sofrem? Sim, sim, sim... Amar dói e muito, traz momentos de plena felicidade, acompanhados com outros de tristeza profunda.

Eu estou aqui tentando escrever mas sem está triste ou apaixonada é realmente difícil, essa minha total falta de inspiração comprova a minha tese.


(Mariana Fernandes)