terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Bolinha de papel! ;P




"Eu estou atrás da porta, o corpo revirado, amassado, pequeno, todo dobrado. Sou uma carta gigante, chata, cheia de erros, longa demais, muito complicada. “Chega”, alguém, com preguiça de ler sobre o amor ou sem coração para se emocionar com uma carta, disse. E eu virei bolinha de papel."


(Tati B.)

Toda mulher tem um pouco

por Tati Bernardi


De puta, de criança, de maluca. Toda mulher tem um pouco.
Falo por mim porque vivi pouco tempo para fazer afirmações maiores.
Falo por mim porque estou egoistamente presa na minha própria descoberta e existência.
Mas pelo que tenho visto por aí, toda mulher tem um pouco de tudo. E como é difícil ser feliz com tantos poucos para agradar. Fora os milhares de hormônios que tornam cada um desses poucos mais do que dá para aguentar.
E a cada suspiro, meus poucos se atrapalham: estou feliz ou com medo? Estou cansada ou excitada? Estou carente ou encantada? Estou fria ou fugidia?
Numa única noite eu fui um pouco tudo, eu quis um pouco de tudo. Quando alguém vai acompanhar meu ritmo?
Eu quis que ele não soubesse meu nome, depois quis ter o dele logo depois do meu. Eu quis que ninguém soubesse de tamanha traição. Depois quis gritar na janela como o proibido era sopro no meu coração.
Eu quis sentir o poder de abalar com a vida dele. Depois quis que ele voltasse direitinho pra casa e esquecesse que existe a fraqueza.
Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração. Depois quis o colo dele para sempre, mas fiquei com o meu pouco puta estampado na cara.
Como eu preciso ser amada meu Deus, pra parar de dar de bandeja o meu sorriso por aí. Eu tenho meu pouco criança estampado em cada linha que escrevo e em cada bobeira que falo na espera de atenção.
Maluca? Nas raras vezes que sou séria, me sinto tão maluca, que devo ser sempre maluca.

De pouco em pouco encho o papo de ansiedade. Quando o muito virá?
Eu nunca poderia ser feliz sem meu pouco trágica. Eu nunca posso estar satisfeita sem meu pouco idealista e eu nunca poderei ser mulher porque ainda falta pouco, muito pouco, mas eu sei que sempre faltará.
Me completo de poucos, mas sigo esperando demais de tudo. Comida para cada um desses poucos que são buracos na minha alma.
Meu pouco puta, safada, tarada, não tem um pingo de compostura. Meu pouco criança sofre e se diverte com o meu pouco louca. Meu pouco adulta perdoa tudo porque tem total consciência do meu pouco criança.
Mas cada pouco espera o grande momento. A grande virada. O longo suspiro de paz.
Cada pouco espera o colo, a excelente trepada, o beijo silenciador de neuroses, o abraço aquecedor de angústias.

Cada pouca criatividade espera o salário digno, o carro novo, o cheiro de cada coisa minha conquistada, o sono de quem não deve um centavo a ninguém.
Corro no desespero desses dias, da vida que virá, dos sonhos realizados, da felicidade, do sorriso banguelo da pureza infinita de um ser gerado por mim. Da luz.
Meu pouco pessimista sabe que nada disso pode acontecer. Mas sigo com meu pouco otimista, aprendendo que ele a cada dia aumenta um pouco.
Quem em cada pouco põe tudo que é merece ser feliz. E muito.

O amor é um lixo




Eu pensava que não existia felicidade maior do que estar ao seu lado. Pobre menina. É. Pobre. Como pode alguém se contentar com tão pouco?

O amor é uma droga e você era a minha droga, o meu vicio, o meu desejo incontrolável, a cura para todos os meus medos, a solução para minhas angustias, a resposta para todas as minhas perguntas.
Você não era mais um na minha vida, você era o único. Era tudo que eu mais queria ter, apesar de ser um namorado infiel, péssimo amante e amigo cruel, se é que posso te chamar de “amigo”.
Afinal de contas que merda que eu vi em você? Aliás, o que eu não vi né?
Não sei como suportei por tanto tempo sua conversa besta e repetitiva, que a mim não acrescentava em nada, seu ciúme sem sentido, sua falta de maturidade, seu jeito debochado de ser e seu ar de vitima das situações, da sociedade e do mundo.

Eu olho pra tudo isso e me pergunto: Porque foi tão difícil enxergar? Porque foi tão difícil perceber?
O amor cega, o amor massacra, o amor mata.
O amor é um lixo!

(Mariana Fernandes)

O vulto constante




"Tempos de definição são difíceis. Duros. Exigem de nós energia que por vezes não temos—não é todo dia que queremos lutar contra sentimentos díspares, complicados, que desejamos nos perguntar se realmente o amor acabou, se o que sobrou foi só carinho e preocupação, ou se ainda existe um resquício mínimo que guarda em si a possibilidade do renascimento. Não é todo dia que temos fôlego para questionar o que fizemos de nossa vida até aqui e qual o rumo que realmente queremos dar a ela. Cansa. Exaure.

Tudo muda quando se passa por uma cisão que altera a maneira de ver o mundo: lá se vai a crença de um amor que resiste a tudo e fica um gosto estranho de fracasso, como se as emoções, e as pessoas, pudessem ser avaliadas em termos tão maniqueístas... Separar-se de alguém que se amou demais é, antes de mais nada, triste. Mas tristezas, por mais fundas que sejam, passam. Desde que não as alimentemos.
E a forma mais comum de alimentá-las é insistir em um contato nocivo por nos trazer alento, um tanto duvidoso, mas um alento: a voz conhecida, as palavras um dia tão queridas, o choro que sabemos como estancar, a risada que nos lembra dias mais ensolarados (você já reparou como nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro?). Alimentá-la é achar que isso pode, em algum nível, fazer bem para algum dos dois. É como manter vivo um paciente com falência cerebral na esperança de que um milagre o faça acordar sorrindo, inteiro. Dói todos os dias em que isso não acontece. E dói mais ainda quando, finalmente, ele morre— mas, então, pelo menos, todos estão livres para seguir a vida.
A verdade é que enquanto não decidimos se acabou ou não, se queremos aquela relação de volta (com todas as idiossincrasias, neuroses e desgastes que nos fizeram partir) ou se ela faz parte do panteão do passado, nada anda. Ninguém novo pode entrar, arejar os dias. Nem sozinho ficamos bem. Só a vulto constante da tristeza nos acompanha, mesmo nas horas mais alegres—ela sabe que, a qualquer momento, a guarda baixará e ela terá espaço suficiente pra se instalar."


Texto da Ailin Aleixo, escreve divinamente! *-*
Deixo aqui o blog pra quem quiser conhecer mais um pouquinho...
http://mulherhonesta.sites.uol.com.br/

Sobre escrever...




Tem séculos que não posto nada por aqui, nunca mais me deu vontade de escrever... Vai ver que é por que estou em momento da vida “tão sei lá”.
Estive pensando esses dias:
O que é que leva a gente a escrever?
Depois de muito pensar não consegui chegar a conclusão alguma, mas observei fortes evidências que me levam a crer que escrever está ligado a sentimentos e sensações negativas, como tristezas, decepções, angústias e etc.
Revelar na arte seus sentimentos é um infalível e milagroso remédio, a enxurrada de letras no papel limpa toda a nossa alma e nos deixa leve.

Me lembrei de um certa ‘turminha’que suspira amor, eles têm uma inspiração espetacular e porque não dizer que são eles os que mais sofrem? Sim, sim, sim... Amar dói e muito, traz momentos de plena felicidade, acompanhados com outros de tristeza profunda.

Eu estou aqui tentando escrever mas sem está triste ou apaixonada é realmente difícil, essa minha total falta de inspiração comprova a minha tese.


(Mariana Fernandes)